sábado, 20 de junho de 2020

Ser solidário é ser humano: do assistencialismo à caridade

By Irenaldo Araújo   Posted at  08:36   No comments



Diante de quem está necessitado deve-se ou não oferecer algo para amenizar o seu sofrimento? Há quem diga que não e há quem afirme o contrário! Diante tais entendimentos, as pessoas se dividem entre a necessidade de se dar o peixe e a de ensinar a pescar! Mas diante tal polêmica, há ainda quem veja como necessário o entendimento dos porquês que estão levando ao aumento de pessoas necessitadas de ajudas emergenciais. E nesta relação, o que é caridade e o que é assistencialismo.
A solidariedade é algo inato ao humano. Diante de uma situação ameaçadora, muitas vezes somos levados quase que instintivamente a partir em direção de quem está necessitado. Muitas vezes nem sabemos quem é.
O interessante é que muitas vezes se parte ao outro pela dor sentida, mas quando se trata de pautar o porquê da dor, é como se nada tivesse a ver com isso. Por exemplo. Muitos partem na defesa de uma mulher vítima de violência, mas quando se sabe que ali é fruto de briga de casal, logo se diz: em briga de marido e mulher, não se mete a colher! Ou então: ao se deparar com alguém faminto, dar o pão parece tudo bem, mas caso se queira entender o porquê da fome, logo se diz que já está querendo fazer política!
O sentimento de ajuda parece ser o mesmo, mas o que difere é a sensibilidade de quem ajuda. Nos exemplos dados, a diferenciação está entre ficar no socorro imediato ou ajudar a pessoa a se levantar para que possa caminhar com as próprias forças. Na primeira situação, quem ajuda se conforma em doar sem procurar entender os porquês da necessidade: quem doa esboça o sentimento de que já está fazendo a sua parte, mas o problema pode estar naquele que está necessitado, pois pode ter feito algo para está merecendo passar por tudo isso.
No outro caso, não somente se ajuda de forma imediata, mas se procura entender os porquês que ocasionam tal situação. A pessoa é vista na sua totalidade. O sofrimento por si só é uma situação de injustiça. O aumento da pobreza, da violência, do abandono, por exemplo, pode ser um indicativo da ausência do estado, cujas políticas favorecem o aumento do abismo quanto ao acesso aos recursos produzidos numa dada sociedade. Neste caso, a economia está para além da defesa da vida.
O sentimento de solidariedade é instintivo, mas a capacidade de leitura dos fatos exige um pouco mais de envolvimento com quem sofre ou com a situação que gera tanta dor. Daqui parte-se para o abismo entre o assistencialismo e a caridade. No primeiro, basta a ajuda a quem está passando por uma situação de sofrimento. Não existe envolvimento. É como se quem ajuda não quisesse se misturar com quem sofre: dei a minha ajuda e pronto! Fiz a minha parte. Muitas vezes há um sentimento de pena, diante do sofrimento do outro.
Na caridade há um sentimento de empatia ou de compaixão com quem está vivenciando o sofrimento. A dor do outro passa a ser parte da preocupação de quem parte para a ajuda. O que está em jogo é a defesa da vida. Olha-se a pessoa por aquilo que passa no momento. É o mesmo sentimento apresentado por Jesus diante do homem que sofria às margens de uma estrada. O homem que parte para ajudar, não apenas cuida das feridas, mas se importa com o ferido. Tal atitude é tão profunda, que Jesus pede para que se faça a mesma coisa.
No assistencialismo é como se a ajuda por si bastasse. Na caridade, não basta a ajuda imediata, mas a situação que levou ao sofrimento deve ser denunciada. A caridade gera profecia. Numa época em que se aumenta a cada dia o número de pessoas necessitadas, precisamos de mais profetas e profetisas

Sobre Irenaldo Araújo

Educador, graduado em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia, pelas Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pela Universidade Federal de Campina Grande; Mestre em Ciências Florestais, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Educação, pelo Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal da Paraíba (Campus I).usto.
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    Educador, graduado em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia, pelas Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pela Universidade Federal de Campina Grande; Mestre em Ciências Florestais, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Educação, pelo Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal da Paraíba (Campus I).