sábado, 25 de junho de 2011

O ciclo junino, cultura, crendice e religiosidade

By Irenaldo Araújo   Posted at  21:20   No comments

Diario de Pernambuco

Roberto Pereira*

16/06/2011

O ciclo junino, depois do carnaval, é a festividade de maior apelo popular. De origem europeia, além de trazer o seu aspecto por vezes católico, por vezes pagão, alinhado de outras feitas ao sincretismo religioso, é emoldurada pela parte profana, mas sempre uma festa de caráter familiar e que, no Brasil, trazida pelos portugueses, acontece com maior força e beleza no Nordeste.

Ao longe a fogueira, ainda em uso, retrata emblematicamente o anúncio do nascimento de João Batista, uma promessa de sua mãe, Santa Isabel, à amiga Nossa Senhora. Os balões e o espocar de fogos, perigos à vida e à preservação da natureza persistem apesar de proibidos, porque a tradição é forte e resistente.

Ouço a sanfona, o triângulo e a zabumba em tocatas que levam e elevam o baião e o forró, ensejando o xote e o xaxado, as danças das quadrilhas, estas cada vez mais estilizadas à falta de políticas públicas que pudessem apoiar a preservação das apresentações à maneira antiga, gritada pelo marcador, em francês, numa linguagem exagerada e propositadamente popular, mas gostosa de ouvir a “língua errada do povo, a língua certa do povo.”

Antes da quadrilha, o casamento no roçado, também chamado de casório caipira. O noivo ao “fazer mal” à noiva, engravida-a, mas é levado pelo delegado e guardas à cerimônia do enlace matrimonial, sob o olhar dos pais da moça, ungidos pela bênção do padre que preside à cerimônia, num ritual jocoso e cheio de chacotas, mas ameaçado pela fuga do noivo, somente evitada pela permanente vigilância dos policiais. No final, o casamento é inevitável.

Música e dança com o molejo da mulher nordestina. O forró pé de serra um encanto aos que têm ouvidos de ouvir e pernas de dançar. Nos entremeios, a gastronomia típica à base do milho verde, a exemplo da canjica, da pamonha, além do pé-de-moleque e outras iguarias. No Nordeste, à Chico Buarque, sem Luiz Gonzaga, as sanfonas tocam em funeral.

É o momento de se homenagear, entre os crédulos, os três santos da tríade junina, Antônio, João e Pedro. É também um espaço às crendices, às preces para uma boa colheita, mas, sobretudo, às adivinhações e às orações para quem espera encontrar o seu amor, consoante a fé no santo casamenteiro Antônio, que, segundo se diz, somente atende se castigado, ora colocado de cabeça para baixo, ora mergulhado na água, além das quadras da produção de poetas anônimos, à semelhança de “Meu Santo Antônio querido, / Meu santo de carne e osso, / Se não me deres marido, / Não te tiro do poço.” Que saia do poço o santo e a humana carência, amém!

* Ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco

Postado do site da ASA: http://www.asabrasil.org.br/portal/Informacoes.asp?COD_CLIPPING=1107

Sobre Irenaldo Araújo

Educador, graduado em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia, pelas Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pela Universidade Federal de Campina Grande; Mestre em Ciências Florestais, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal de Campina Grande; Doutorando em Educação, pelo Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal da Paraíba (Campus I).usto.
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